Tuesday, February 27, 2007

Acho que você não é um plutoniano


Um dia desses andando pela rua você já deve ter sentido uma vontade louca de sair correndo enquanto o sinal estava fechado pra você e passar como o The Flash entre os carros, ou abrir os braços no meio da avenida principal de tua cidade enquanto cai o maior "toró" e todos os ônibus passam do seu lado com seus passageiros olhando boquiabertos e invejosos loucos para fazer aquilo também. Já deve ter enfiado o dedo no nariz dentro do elevador e olhado desconfiado pra comprovar a inexistencia de câmeras, ou, quem sabe, faz aquelas dancinhas parecendo coreografia de axé na frente de espelho após o banho.


Se você não fez ou não quis fazer nenhuma dessas duas coisas, já deve ter tido vontade de tocar a campanhia do ap exatamente em baixo do seu só com a velha desculpinha de que está sem açucar, ou perguntar "que horas são" só pra puxar assunto, ou até mesmo, até mesmo... sei lá, ligar e não falar nada, só pra ouvir a voz mesmo...


Não? Nunca fez ou quis fazer nada disso?

Hum...


Então, com certeza já quis saber como que deve ser a sensação de andar sobre as nuvens, ou já disse "se não der certo eu viro hippie", ou já quis fugir pra um lugar onde só tivesse você, já quis jogar seu celular pela janela e, sem sombra de dúvidas, já deve ter desejado tirar uma foto com o presidente pondo chifrinho nele.


Alguém aí já deve ter desejado morrer dormindo, andar de bicicleta numa tarde de sol no parque, dormir só mais cinco minutinhos, comer sorvete na hora do almoço, passar por baixo na catraca do busão, dar um tapa na careca do tio na cadeira da frente, ou fazer uma serenata vestido de mexicano com um monte se amigos vestidos ridiculamente igual (afinal, amigos são pra isso mesmo).


Já deve ter querido um companheiro para a velhice, que os filhos não te abandonem, que o amor nuca se acabe. Desejado que ele nunca crescesse, que nunca fosse embora, que nem voltasse mais. Já deve ter sonhado com uma Barbie, um carrinho, um playmobil, uma vaga naquela facu, uma casa naquela ilha.


Caso isso não tenha exatamente nada a ver com nada do que vc já tenha desejado, não tem problema: talvez você escolheu ser diferente. Ou tá lendo esse blog de uma lan house em Plutão.

Tuesday, February 06, 2007

Você é mesmo um besta!


A pois. O msn estraga a minha vida e a de milhares de pessoas ao redor do mundo. Tenho plena convicção disso. No entanto, ainda há salvação nesse mundo perdido que consome a vida e o tempo desses pobres viciados, incluindo eu, é claro. Foi numa conversa sem interesse nessa budega de msn que eu, projeto de escritor, junto com Samene, a noiva do "B", tivemos a idéia de escrever o texto que se segue. Na verdade a idéia foi DELA! Só fui escreveno a minha parte mesmo... Mas foi uma experiência extraordinária. Descobri, revendo cenas que presenciei aqui em Sampa - e revivendo algumas pessoais mesmo - o quanto a besteira chamada amor e as coisas bestas que só ele traz são tão quanto o próprio ar que respiramos. Sem exageros. Boa sorte na leitura (e no amor).


O silêncio tomaria o mundo com as mãos se não fosse o amor. O amor não seria amor se não fosse simplesmente BESTA. Os amantes não teriam aquele cheiro de carinho, aquele gosto de sorvete em dia de sol e muito menos sentiriam aquela saudade avassaladora se não fossem bestas. O amor é bestificado pelos eternos amantes bestas...estes que adoram ver poesia em tudo, aroma fugidio em despedidas, risos descontrolados, olhar profundo, beijo dulcificado, longos abraços e palavras cintilantes. A verdade é que a vida sem amor é a vida sem besteira...os dias frios sem amantes são dias frios profundamente gelados e inertes...e o pôr do sol sem a besteira da emoção é um quadro pálido na parede branca. Ver uma coisa besta é ver um casal sentado em qualquer lugar...o mundo se transforma e os pensamentos tomam dimensão intergaláctica; eles somente se olham e pensam:“ Que homem!” ou “ Que mulher!...como se aquele fosse o momento de um ultimo suspiro, em que a mágica lhes trouxe a criatura mais inteira de suas amantes e bestas.

Mas esse bestificar é essencial à vida de todo e qualquer ser vivente. Tenho certeza quase que absoluta que quase todos vocês, leitores desse projeto de escritores em dupla, têm um apelidinho daqueles ridículos que usa um diminutivo neologístico pedaço nome de animal (ou fruta), pedaço nome de país, pedaço um dos 500 sobrenomes do D.Pedro II e que, no fim, se resume num INHO, ou INHA, que soa como a Nona Sinfonia do Ludwig Van nos ouvidos dos pobres e bestas apaixonados. Certo estou também de que todos vocês ficam imaginando zilhões de coisas quando ligam no celular do indivíduo, ou individua (e isso lá existe???) e esse não atende (“deve ta com fulaninha, aquela sirigaita”, ou “vê que sou eu e não atende... vai se ver comigo...” ), mas abre aquele sorriso de gente besta quando o tal do individuo para a bicicleta vermelha na porta com uma flor roubada no canteiro do vizinho dizendo que o carro quebrou, o celular caiu na bacia de água de Sansão, mas mesmo assim ele não poderia deixar de ir lá. Que coisa besta. E linda. O mundo talvez fosse cinza se não fossem coisas besta e coloridas como essa...

E nos entremeios dessas idas e vindas da bicicleta vermelha do Davi e dos amantes iguais a ele ficam as besteiras que são pensadas e faladas diariamente, ao mesmo tempo, nas mais de 6 milhões de cabeças dominadas pelo besta e incrível amor. A condução de duas rodas percorre todo o seu caminho rumo àqueles olhos, sorrisos e coração saindo pela boca... e quando esses caracteres estão distantes, a saudade de gente besta parece câncer... consome..é sempre um exagero! Nada disso seria tão intenso se não fosse besta... aqueles cabelos ao vento não seriam tão perfeitos, ou aquele perfume que entontece não faria ninguém sair de casa na chuva pra pegar aquele ônibus das seis da tarde; talvez aquelas mãos no seu rosto não fossem tão macias, ou então aquele abraço surpresa e o beijo roubado não seriam tão frenéticos; e também ninguém lhe diria “eu te amo” quando você acabasse de acordar... tudo seria um nada se não fosse intensamente besta. Afinal de contas, o ser humano gosta de sentir-se parte de um outro alguém, eles juntam seus segredos, suas manias, seus problemas, seus beijos, suas juras, suas manifestações irracionais, suas loucuras... pra fazer delas uma proposta de vida cheia de cores, luas e puras besteiras.

E é assim que bestas estamos e bestas continuaremos a ser. Com passeios de mãos dadas domingo à tarde pelo parque. Sentados na grama tomando sorvete e melecando o nariz do outro com chantilly. Na porta da escola de havaianas no pé, com o cachorro na coleira esperando o sinal tocar e no fone uma daquelas baladas de amor. Dando toques no celular só pra “dizer” que se lembrou. Dormindo com a foto ao lado da cama, só pra dizer que não se esqueceu. E sempre, na face, aquela expressão de gente besta que aqui no fimzinho do texto pode ficar traduzido para aqueles que ainda não entenderam com cara de gente completa, amada, realizada. Besta. Feliz! =)