Saturday, April 22, 2006

Divagações sobre a imortalidade - parte I


São Paulo, 22/04/2006


Esses dias eu voltava da faculdade e, como sempre, comecei a divagar. O assunto foi um no qual pensava já há algum tempo: a tal imortalidade.
Devem haver mil formas de se tornar imortal. Somos muito limitados quando achamos existir apenas uma. Decidi selecionar três.
1) Ainda dentro do terminal. O ônibus já estava em movimento e eu olhava pela janela. Lá ,em um ponto qualquer daquele imenso conglomerado de concreto, vi algo que me chamou a atenção: um casal apaixonado que se beijava como se nunca mais fossem fazer aquilo. Como se fosse o último beijo. Tirei uma lição daí: o homem realmente não nasceu para ficar só. Todos nascemos com a necessidade intrínseca de contato e é justamente esta necessidade que nos une a um outro alguém – neste caso do sexo oposto – afim de compartilhar bons momentos, maus momentos e, além disso, alguns genes. Todo contato amoroso tem como conteúdo latente a intenção de nos perpetuar, de não passarmos por aqui sem deixar marcas. E elas ficarão: no sorriso de nossos filhos, no nariz de nossos netos, nos olhos de nossos bisnetos. Seremos imortais até uma décima quinta geração... Parece suficiente.

Dan vai usar o PC agora... Posto as outras duas mais tarde, ou amanhã, ou depois. Postarei...

Tuesday, April 18, 2006

Vida real (?). Parte I





Sao Paulo, Quarta – feira, 19/04/2006

Pois bem, ja tem algum tempo que desejo escrever sobre alguma coisa. Tem tres meses que estou aqui e ja devo ter visto muita coisa interessante. Pena que temos o pessimo habito de nao anotar, gravar, enfim. A vida nos mostra coisas importantes todos os dias e nao atentamos para isso. Pessoas morrem e ressussitam ao nosso redor, mas estamos muito preocupados com nossa vidinha mesquinha.
Esses dias mesmo estava voltando para a casa do pessoal que me acolheu aqui, fazendo o trajeto “Tirandentes – Santana” de metro. Deveria ser pouco mais de 10 da noite. Nesse horario tem muita gente voltando da FATEC e de outras instiuicoes de ensino em volta da estacao. Eu voltava da igreja mesmo...
Fiquei em pe ate a “Armenia”. Consegui me sentar e, como sempre faco, me pus a observar o vagao. Tinha gente de toda a especie: com camisa de marca, com farda de trabalho, com calca rasgada, com cheiro de borracheiro que trabalhou o dia inteiro. Olhei atentamente e parei em um gordo que estava quase em frente a mim. Uns bancos a minha esquerda para ser mais preciso. Tinha uma mochila sobre as pernas e lia atentamente um livro de capa preta. A cara que fazia demonstrava quao interessante deveria ser a tal publicacao.
“E uma biblia!”, pode pensar algum desavisado. Mas nao era. Era menos que isso. Muito menos. Parei de observar a cara de abobalhado do gordo e fui desviando a atencao para o titulo da obra. Era nada mais, nada menos que “O doce veneno do escorpiao” da famosa cyber – prostituta ‘Bruna Surfistinha’.
Realmente perdemos o bom senso! Damos valor a esse tipo de gente que promove a inversao de valores. Gente que, em busca de uma pseudo-felicidade, e capaz de se vender e incitar tal pratica. Gente que nao se contenta com a promiscuidade para si so, mas que espalha tal “veneno” pelos lares, entrando nas mentes de adolescentes e de gordos abestalhados carcomidos pela curiosidade.
Dinheiro: e tudo que querem tais pessoas. Vivem em um mundo no qual quem consome mais e mais “feliz”. Primeiro vendem o corpo; depois as lembrancas da venda do corpo. Talvez um dia vendam a alma a Lucifer, como o fez Fausto. Tudo em troca de um papel ao qual atribuimos valor, as vezes mais do que realmente possui.
Costumo dizer que somos uma raca de bichos estranhos mesmo. Comemos hamburguerers que tem o valor de dois pratos de comida, compramos camisetas com o dinheiro que daria para comprar um traje inteiro, valorizamos obras literarias de “ex-prostitutas”(se e que existe essa classe de “ex’s”. Se voce se vende uma vez, se vende sempre...). Enquanto isso pessoas morrem de fome no interior do brasil e de pneumonia nos corredores de um hospital de uma metropole qualquer.
O que sera que vale mais?


Na melancolia conseguimos ser sinceros de tal forma nunca conseguida pelo homem em seu estado normal...

Davi Leal (1986 - ?)