Tuesday, April 18, 2006

Vida real (?). Parte I





Sao Paulo, Quarta – feira, 19/04/2006

Pois bem, ja tem algum tempo que desejo escrever sobre alguma coisa. Tem tres meses que estou aqui e ja devo ter visto muita coisa interessante. Pena que temos o pessimo habito de nao anotar, gravar, enfim. A vida nos mostra coisas importantes todos os dias e nao atentamos para isso. Pessoas morrem e ressussitam ao nosso redor, mas estamos muito preocupados com nossa vidinha mesquinha.
Esses dias mesmo estava voltando para a casa do pessoal que me acolheu aqui, fazendo o trajeto “Tirandentes – Santana” de metro. Deveria ser pouco mais de 10 da noite. Nesse horario tem muita gente voltando da FATEC e de outras instiuicoes de ensino em volta da estacao. Eu voltava da igreja mesmo...
Fiquei em pe ate a “Armenia”. Consegui me sentar e, como sempre faco, me pus a observar o vagao. Tinha gente de toda a especie: com camisa de marca, com farda de trabalho, com calca rasgada, com cheiro de borracheiro que trabalhou o dia inteiro. Olhei atentamente e parei em um gordo que estava quase em frente a mim. Uns bancos a minha esquerda para ser mais preciso. Tinha uma mochila sobre as pernas e lia atentamente um livro de capa preta. A cara que fazia demonstrava quao interessante deveria ser a tal publicacao.
“E uma biblia!”, pode pensar algum desavisado. Mas nao era. Era menos que isso. Muito menos. Parei de observar a cara de abobalhado do gordo e fui desviando a atencao para o titulo da obra. Era nada mais, nada menos que “O doce veneno do escorpiao” da famosa cyber – prostituta ‘Bruna Surfistinha’.
Realmente perdemos o bom senso! Damos valor a esse tipo de gente que promove a inversao de valores. Gente que, em busca de uma pseudo-felicidade, e capaz de se vender e incitar tal pratica. Gente que nao se contenta com a promiscuidade para si so, mas que espalha tal “veneno” pelos lares, entrando nas mentes de adolescentes e de gordos abestalhados carcomidos pela curiosidade.
Dinheiro: e tudo que querem tais pessoas. Vivem em um mundo no qual quem consome mais e mais “feliz”. Primeiro vendem o corpo; depois as lembrancas da venda do corpo. Talvez um dia vendam a alma a Lucifer, como o fez Fausto. Tudo em troca de um papel ao qual atribuimos valor, as vezes mais do que realmente possui.
Costumo dizer que somos uma raca de bichos estranhos mesmo. Comemos hamburguerers que tem o valor de dois pratos de comida, compramos camisetas com o dinheiro que daria para comprar um traje inteiro, valorizamos obras literarias de “ex-prostitutas”(se e que existe essa classe de “ex’s”. Se voce se vende uma vez, se vende sempre...). Enquanto isso pessoas morrem de fome no interior do brasil e de pneumonia nos corredores de um hospital de uma metropole qualquer.
O que sera que vale mais?


Na melancolia conseguimos ser sinceros de tal forma nunca conseguida pelo homem em seu estado normal...

Davi Leal (1986 - ?)

2 comments:

Anonymous said...

Pirmeira a ler... claro primeira a comentar...
Ser um observador das pequenas coisas da vida... das peculiaridades do cotidiano por mais simples que possam parecer aos poucos vai nos transformando em seres humanos pouco melhores...
Esse texto é uma reflexão fantastica... um grito em meio ao caos..

Anonymous said...

A frivolidade abstrui o essencial da existencia,o q outrora tornaria-se um momento impar,se denigre ao perpassar de um ideal fantastico chegando ao lado obscuro do ser humano.
Mas cm td tem seu lado positivo... descobri,ou melhor,redescobri um alguem q jamais imaginei c tanta capacidade de percepçao,maturidade e bom senso!E assim aperfeiçoamos uma recente amizade,contudo q tem tds os aspectos favoraveis p prolongar-se!