Sunday, December 24, 2006

Sobre Eva, chiuauas e a beleza feminina...


Há dois minutos atrás eu estava escrevendo um texto sobre o natal, sobre as futilidades dessa época, sobre a hipocrisia da humanidade e coisas afim, quando recebi um telefonema internacional. De Swindon - UK para ser mais exato.
Uma garota que é filha de um amigo de juventude de minha mãe que me foi apresentada, como quase todos os meus contatos atualmente, via messenger. No dia em que nos falamos pela primeira vez, logo um desencontro. Ela:"Quem eh vc? =p". Eu:"Jah ia te perguntah a mesma coisa. Foi vc quem me add! =) ". "Ahhhhhhhhhhh... Eh verdade! Foi sua mãe..." etc etc etc. Desde então nos falamos com certa freqüencia (na verdade tds os dias...) e sempre surge um assunto no qual penso quase que diariamente: como é lindo ser menina!
Não sei se vocês, meus caros leitores aventureiros, já pararam para perceber como os seres do sexo feminino de nossa espécie são de uma singularidade tremenda, a começar pelo modo como nos tratam. As mulheres tem o dom de conseguir o que querem só controlando o tom de voz e mesclando isso com aquele olhar que Sansão*(*meu labrador) faz quando a gente segura a ração na mão e não libera logo. É golpe baixo...
Outra coisa que conseguem fazer como ninguém é carregar numa bolsa do tamanho do bolso de trás de minha calça jeans um arsenal de tudo aquilo que nos faz ficar boquiabertos à comtemplar como o que é naturalmente belo pode ficar muito melhor: rímel, lápis, gloss, batom, secador, chave do carro, da casa...
Como diriam uns amigos filósofos das horas vagas, "Deus fez primeiro o rascunho. Depois a obra prima". Lógico que Deus em toda a sua suprema sabedoria não deixaria uma mulher sozinha num jardim daquele tamanho. Deixou Adão para que ele realmente valorizasse a companhia quando ela chegasse. Ela chegou. Custou uma costela, mas chegou. Fico até imaginando a cara de tonto de Adão ao acordar do sono profundo - como dizem as sagradas escrituras - e se ver deitado ao lado do primeiro exemplar do sexo feminino da nossa espécie. Deve ter ficado meia hora só para parar de babar olhando para os lábios róseos de Eva, ainda pulsantes, fabricados há pouco, só para que ele não se sentisse só (afinal, não é bom que o homem viva só, né? Palavras do Criador).
Já que é para fantasiar, chega Adão estressado depois de um dia longo mexendo com bichos, árvores e afins: "Mas que droga, viu? Aquele leão imbecil engasgado com o chiuaua... Fiquei quase duas horas pra fazer com que ele desistisse da idéia de engolir aquele cachorro feio!". "Calma, Adão... (aproximando-se e afagando-lhe os cabelos) Tá vendo ali aquela fonte natural de água quente? Deixei lá algumas ervas pra você relaxar. Tome um banho que o jantar já tá quase pronto..." Cabô! Desmonta o cara. Depois do jantar rola um cafuné, um compartilhar de sonhos, uma lesera pós janta...

Não há palavras suficientes para falar das mulheres, das moças, das "minas", das musas inspiradoras das músicas e poemas. Nascemos e somos cuidados por uma. Na ausência desta, sempre estamos sob os cuidados de outra. Quando adquirimos idade suficiente, não queremos mais essas, queremos uma pra vida inteira, uma que vai entender uma cara de contentamento e descontentamento. Uma que vai ter o abraço certo na despedida e outro na comemoração. Uma que vai saber dizer no silêncio o que não queremos ouvir de ninguém, só dela. Uma que passa batom, corta o belo, se perfuma só para receber em troca um "Nossa! Como vc tá linda hoje..." ou um "Tem algo diferente em você!". Uma que espresta o colo e ainda faz "cafuné no bebelo" (palavras do grande Maçaum) =)

Não tendo mais o que dizer, finalizo com um provérbio do grande amigo Müller, filósofo, fi de Nietzsche, sobrinho de Sartre e afilhado e Schopenhauer: "Se Deus fez coisa melhor que mulher, escondeu pra Ele...".

À Márcio, Müller e à inglesa mais brasileira que eu conheço: Sam, a idealizadora do texto .

Carpe diem!

Saturday, August 19, 2006

No fim são flocos de milho...


Depois de anos luz sem atualizar, voltei com esse textinho.
Na verdade o início deste texto foi escrito no mesmo dia em que eu vi o filme sobre o qual falo, e outra boa parte veio bem depois. Na verdade, só hoje (01/11/2006)! No início do texto, mudanças drásticas ainda não haviam ocorrido em minha vida, mas agora é diferente. Tô meio que na correria, sem tempo para publicar tudo que me vem à mente, no entanto sem deixar de produzir e observar minha maior fonte de inspiração para escrever: as pessoas, o mundo, os ônibus, os metrôs, a existência. Deixo-vos a vontade para ler esse projeto de texto de um quase escritor. Boa sorte (leitura)! =)


Aqueles que acompanham meus escritos nesta página sabem que muitas vezes começo meus textos falando de meu dia nada interessante. Hoje vou poupá-los do de sempre, afinal não há novidades. Não grandes novidades.
Mas há algo que gostaria de compartilhar com vocês, leitores de um autor desconhecido, sem prestígio, mas que pelo menos escreve. Uma de minhas incursões ao cinema; mais especificamente no dia de hoje.
Fui ver Click, o mais novo filme do Adam Sandler. Como já conheço o ator de longas datas, estava psicologicamente preparado para uma boa comédia, piadas com o nome de algum famoso e outras que nem sempre entendo. No entanto me surpreendi com essa última produção. Para mim foi uma verdadeira lição de vida. Um tapa na cara, na verdade.
Para os que ainda não viram o filme, fala de um jovem pai de família - o qual eu me esqueci o nome, mas que é interpretado pelo Adamzinho - que trabalha em uma empresa de arquitetura e que quer subir, crescer, virar aquele que manda, coisas do tipo na empresa. Um belo dia, irritado com a idéia de que os malditos vizinhos capitalistas tem um controle universal e ele não, sai pela noite a procurar uma loja de alguma coisa que venda o tal controle para ele também. Ele encontra MUITO ALÉM do que imaginava...
O controle que acaba recebendo de um senhor meio lunático que trabalha em um setor "secreto" da loja não controla só do ventilador ao portão da casinha do cachorro: exerce poder tanto sobre a brisa que passa lá fora como sobre o volume do latido de seu au au.
No início tudo parece maravilhoso: ele pode adiantar os momentos que quiser para que sobre mais tempo para outras coisas. E é aí que ele, e todos nós, cometemos os mesmos erros: adiantamos os momentos mais raros de nossa rara existência sobre essa terra em busca da mais pura efemeridade: dinheiro, promoções, carros, mais dinheiro, previdência privada, um terreno no cemitério, um pouco mais de dinheiro, pílulas azuis... E no fim? No fim do arco-íris o pote de ouro não tem ouro: no fim são flocos de milho. No fim tudo volta a ser nada. Até nós mesmos.
Viemos meio que de sopetão a esse planeta. Chegamos e a festa já havia começado, mas todos queremos levar algum "pratim" de "bejim" e "salguadim" pa comer depois. Nessa angustia pela merda do pratim, nem curtimos como deveríamos: não baijamos quem amamos (e quem não amamos também, por que não?), não dançamos na chuva, não observamos o pôr do sol pela janela do prédio (as pessoas acham que tem que se estar na mais bela praia deserta para se prestigiar o pôr-do-sol, ou em uma montanha rochosa em um fim de tarde entre amigos, todos com aquelas botinhas cano médio, como numa propaganda de pick-up... me poupem!), não cabulamos aula para falar sobre a política monetária do Sri Lanka sem nem ao menos saber se Sri Lanka é na Ásia ou se é um Estado da extinta Indochina, nos fechamos. E morremos. Sós.
Nunca quero um controle daquele. Para ter o fim que o Adam teve, prefiro que tudo aconteça na minha velocidade de baiano mesmo. Nunca tive pressa, e mesmo assim me peguei outro dia com quase duas décadas completas! Agora, cada dia que passa é um a mais - caso queira realmente deixar que outras duas décadas vezes cinco cheguem para mim - ou um a menos, caso queira que morrer jovem, e com cara de alface, como diria meu saudoso professor Orlei.

A escolha é minha. E sua também, caro leitor.

Ps.: A Junym e Shi, meu abraço e meu obrigado pela cobrança!

Wednesday, August 09, 2006

Tive o desprazer de presenciar um fato desagradável ontem em Santana...

Dentro do busão, como sempre. Enquanto não escrevo, curtam o matt...

=)

Thursday, August 03, 2006

O ônibus errado.


São Paulo, 07 de Junho de 2006, quarta-feira


Hoje não está sendo um dos melhores dias. Acordei já tarde e tenho algumas provas para estudar ainda. Não gosto de semana de provas, mas é impressionante como as coisas das quais não gostamos se apresentam a nós com a mais alta freqüencia. Deve ser algum teste de paciência da vida, ou coisa parecida.
Na verdade eu vim escrever hoje para aliviar um pouco a tensão pré-avaliação. Me lembrei de um fato interessante e se demorasse um pouco mais poderia perdê-lo para sempre na imensa escuridão de minhas memórias.
Neste semestre letivo eu fui dispensado da matéria de segunda-feira. Nunca vou à faculdade nas segundas-feiras, mas nessa em especial (dois dias atrás) tive que me fazer presente em uma reunião com a coordenação do curso e os outros representantes de classe. Saí de lá, da faculdade, disposto a pegar o mesmo ônibus que pego todos os dias. No entanto, como não vinha logo, decidi pegar um outro qualquer que ia até Santana e de lá entrar em um outro qualquer que me trouxesse para casa.
Fiz isso e tive a maior experiência dentro de ônibus que já tive desde que aqui cheguei. Já vi muita gente pedindo, vendendo, com filhos cancerosos e esposas doentes terminais, mas um gesto de gentileza como o desta noite em específico, nunca havia visto antes.
Estávamos na Avenida Tiradentes quando entra uma senhora morena e de uns quase 40 e um casal de jovens que, junto, não ultrapassava em muito a idade da senhora. A tal senhora ocupou um lugar de corredor com uma poltrona de janela vazia, enquanto o pobre casal só teve a sorte de encontrar dois lugares de corredor, um atrás do outro. Não reclamaram. Apenas riam um para o outro. Havia uma aura, uma energia que os unia. O própro ônibus pareceu adquirir outra cor, outro aroma...
Após se acomodarem e guardarem todos os seus pertences em suas respectivas mochilas, preparavam-se para aquele que é o maior vício de casais jovens e apaixonados: o beijo. Desde que aqui cheguei percebo que as pessoas têm uma necessidade imensa de demonstrar publicamente seu amor em ônibus, estações de metrô, nas ruas, escadas rolantes e portas de banheiro. Acho que é porque o pessoal aqui não tem muito tempo.
No exato momento em que completariam a árdua missão de concretizarem o ato de suprema demonstração dos seus sentimentos ao fazerem um malabarismo imenso, quando já estavam a menos de dois dedos de distância um do outro, a senhora, a morena de quase 40 os imterrompe e, com um sorriso gentil, cede seu lugar e o vazio que estava ao seu lado para que os “pombinhos” pudessem, enfim, se beijar em paz.
O que mais me impressionou foi a cara de felicidade com a qual ela fez isso. Parecia realizada. Era como se estivesse revivendo o mesmo momento em suas lembraças. Talvez alguém tenha cedido o lugar a ela no passado Talvez não.

"... rumo à Australia com benhê ..."

Friday, July 28, 2006

Dorocê =)


"Eu moro em um lugar legal de Conquista. Fica perto de uma faculdade, de uma churrascaria e de uma casa onde mora uma menina. Mas não é qualquer menina, até porque muitas pessoas moram perto de "uma menina". Eu moro perto de uma garota linda. Baixinha, cabelos pretos, sorriso cativante e belos olhos...
Na verdade eu não moro só perto de tal menina. Junto com ela mora a felicidade também. Explico.
Fico algum tempo, durante as noites frias daqui, observando o movimento da rua através de minha janela. Ninguém me nota. Eu gosto disso.
Observando atentamente a entrada e saída na casa da linda menina, percebi que nos últimos dias tem aparecido por lá um certo rapaz. Alto, cabelo baixo, olhos claros. Meio gordo, meio triste. Mas só até ser recebido pela menina. Acho que ela é mágica! O menino só de ver a figura pequenina da linda garota diante de si, sorri tal como uma criança que acabou de ganhar sua primeira bicicleta (e eu nunca ganhei uma...).
Acho que ele gosta dela. Acho lindo o contraste que há entre eles. De tamanho, de idade... Mas acho lindo também como eles se parecem, como no momento em que se encontram e a felicidade que mora lá na casa da menina, vem estampada no rosto dela ao vê-lo e passa automaticamente para a face dele. Ficam iguais! Felizes! Amantes!
Eu acho que algo de ruim acontecerá por esses dias. Meu pai quer vedar essa janela. Nunca soube o porquê de ele querer fazer isso. Talvez não consiga mais sentir, pelo menos, um pouquinho da alegria que o garoto, que às vezes vem em uma bicicletinha preta, sente. Fico feliz só de ver que a alegria dele é verdadeira todas as noites nas quais se encontram. Não tenho um grande amor como ele tem. Mas ainda tenho a janela. Daqui a alguns dias talves nem tenha mais a janela, mas fica comigo a convicção que aquele sorriso na face dos dois permanecerá independente de eu ver ou não. Sentirei saudades..."

Friday, July 21, 2006

Dez para as Dez



Ainda estou de férias na Bahia. Gostaria de deixar clara uma coisa: nem todo lugar desse Estado maravilhoso tem praia. Minha cidade está incluída no rol das desprovidas de um pedaço vasto do litoral brasileiro. Ah!, e desprovida também de belezas naturais (com exceção das mulheres metidas daqui, mas não vem ao caso agora). Não temos cachoeiras, araras azuis, muito menos coqueiros. Por falta do que observar, logo perdi (ou ganhei) algum tempo a observar outras coisas interessantes que encontrei por aqui em minha cidade-berço.
Dentre as tantas opções de coisas observadas e que poderiam se transformar em objeto de minhas divagações, uma muito me marcou. Fui passar uma noite dessas aí na casa de Marção: amigo, filósofo não-filósofo, leitor de VIDA SIMPLES, apreciador de Lost, enfim, um divagador nato, assim como esse que vos escreve. Me larguei logo por lá nos aposentos onde passaria a noite, largamos algumas palavras ao vento, falamos de mulheres, de lost, das mulheres, de mochileiros, de mulheres e, por fim, delas novamente.
Cansados de tanto assunto, pedi para tomar uma ducha. Aquela que se toma perto de meia-noite e que leva junto com a água, pelo ralo, todas as angústias, temores, anseios e preocupações do dia inteiro.
Terminada a ducha e já vestido a caráter (com trajes de dormir, é claro), me sentei à mesa para o bom e inseparável café. Foi nesse momento que notei o detalhe se tornaria o assunto dali em diante, até o sono chegar e me interromper... O relógio da cozinha marcava dez para as dez. Mas já deveria ter uns dez dias que ele não marcava outra hora!
Fiquei esperançoso naquele exato instante. Passei a cultivar nos fertéis campos de minha imaginação a idéia de poder comprar um relógio daquele para mim. Um que só marcasse dez para as dez, fazendo assim com que se tornasse desnecessária a despedida que se aproxima. Não teria mais que me separar do belo sorriso do "Toquim"(ela terá um texto exclusivo mais pra frente e vcs entenderão de quem falo) que me acalenta a alma e me faz lembrar da sensação deliciosa de poder tentar amar. Não precisaria mais me afastar do cara que precisa de opinião para escolher o óculos de 0,25º e, tampuco, de um outro que tem uma "Brisa" preta com neon e tudo.
Não necessitaria mais ter que tentar ajudar à distância e virtualmente amigos (ou seria uma amiga?) que precisam só de um silêncio as vezes e poderia dar abraços eternos em quem quisesse e na hora que quisesse, já que só teria uma mesmo para querer: dez para as dez.
DOROCÊ =)

Ps.: a foto é de autoria de meu amigo e anfitrião Marcio Amaral. As horas marcadas no relógio não são as mesmas do título, mas talvez você nem teria percebido isso se eu não dissesse. Agora já foi, já disse...

Saturday, May 06, 2006

Cheire pão de queijo



São Paulo, 23/05/2006, Sábado

Hoje meu dia não foi lá essas coisas. Acordei com a campanhia tocando: Rosa, a amiga da família que aceita lavar as roupas há uns cinco anos, como ela mesma disse hoje. Me deitei no sofá. Ainda tinha sono, mas não consegui dormir novamente. Tentei ver um filme com legendas em inglês, parei no minuto quinze e fui comprar pão. Fiz um café forte e sem açúcar.
O resto do dia foi quase mais desinteressante do que esta primeira parte. No entanto, não improdutivo.
No meio da tarde me lembrei de um fato que aconteceu há exatamente uma semana. Ia no metrô de Santana para o Bom Retiro. Eram umas oito da manhã e só cinco estações. Estava já sentado, quando um rapaz de muletas, amputado, entrou no trem.
O discurso era o mesmo de todos os pedintes: “peço a colaboração de todos...”, “qualquer moedinha serve...”, e por aí vai.
No entanto, o que me chamou a atenção não era o fato de ele ser um pedinte de muletas dentro de um trem. Foi o cheiro que veio junto com ele. Era cheiro de pão de queijo.
Explico: na minha frente (meu banco formava um “L” com um outro; logo, era exatamente em minha frente) uma mulher comia um delicioso pão de queijo. A cara que ela fazia a cada mordida não deixava dúvidas de que estava realmente gostoso. A fumaça que saía daquele pão parecia entorpecer aquela senhora; estava completamente indiferente ao rapaz. Nem desviava o olhar para ele. Não fazia nem questão de retirar os seus olhos do horizonte sem fim onde estavam depositados para, por pelo menos uns segundos, contemplar a apresentação da desgraça humana bem à sua frente. Simplesmente comia seu pão de queijo.
Já na última estação antes da minha, o rapaz retorna do fundo do vagão e começa a agadecer a todos aqueles que contribuiram e deseja a todos uma “boa viagem”. Eu até quis ajudar nesse momento. Fiz uma busca em meu bolsinho de moedas, mas me lembrei que havia esquecido todas em cima da mesinha do computador – ou teria sido no tapete?
A minha estação chegou. Desci e nem percebi se ele tinha feito o mesmo na anterior ou se havia me seguido nesta. Tinha um objetivo a partir de agora. Estava concentrado e decidido. Saí pelo lado ímpar da “Tiradentes”, segui até uma padaria perto da casa de um amigo – afinal, ele nem deveria estar acordado para me servir um pouco de seu café – e pedi: “um café com leite, por favor, amigo”. Ele, o balconista, prontamente troxe o café com o gosto único dos cafés de padaria e perguntou se eu queria “mais alguma coisa”. A primeira resposta que vem à cabeça, geralmente, é “não”. Nese dia, a resposta era outra e estava na ponta da língua: “um pão de queijo. Aliás, um não. Dois!”.

Saturday, April 22, 2006

Divagações sobre a imortalidade - parte I


São Paulo, 22/04/2006


Esses dias eu voltava da faculdade e, como sempre, comecei a divagar. O assunto foi um no qual pensava já há algum tempo: a tal imortalidade.
Devem haver mil formas de se tornar imortal. Somos muito limitados quando achamos existir apenas uma. Decidi selecionar três.
1) Ainda dentro do terminal. O ônibus já estava em movimento e eu olhava pela janela. Lá ,em um ponto qualquer daquele imenso conglomerado de concreto, vi algo que me chamou a atenção: um casal apaixonado que se beijava como se nunca mais fossem fazer aquilo. Como se fosse o último beijo. Tirei uma lição daí: o homem realmente não nasceu para ficar só. Todos nascemos com a necessidade intrínseca de contato e é justamente esta necessidade que nos une a um outro alguém – neste caso do sexo oposto – afim de compartilhar bons momentos, maus momentos e, além disso, alguns genes. Todo contato amoroso tem como conteúdo latente a intenção de nos perpetuar, de não passarmos por aqui sem deixar marcas. E elas ficarão: no sorriso de nossos filhos, no nariz de nossos netos, nos olhos de nossos bisnetos. Seremos imortais até uma décima quinta geração... Parece suficiente.

Dan vai usar o PC agora... Posto as outras duas mais tarde, ou amanhã, ou depois. Postarei...

Tuesday, April 18, 2006

Vida real (?). Parte I





Sao Paulo, Quarta – feira, 19/04/2006

Pois bem, ja tem algum tempo que desejo escrever sobre alguma coisa. Tem tres meses que estou aqui e ja devo ter visto muita coisa interessante. Pena que temos o pessimo habito de nao anotar, gravar, enfim. A vida nos mostra coisas importantes todos os dias e nao atentamos para isso. Pessoas morrem e ressussitam ao nosso redor, mas estamos muito preocupados com nossa vidinha mesquinha.
Esses dias mesmo estava voltando para a casa do pessoal que me acolheu aqui, fazendo o trajeto “Tirandentes – Santana” de metro. Deveria ser pouco mais de 10 da noite. Nesse horario tem muita gente voltando da FATEC e de outras instiuicoes de ensino em volta da estacao. Eu voltava da igreja mesmo...
Fiquei em pe ate a “Armenia”. Consegui me sentar e, como sempre faco, me pus a observar o vagao. Tinha gente de toda a especie: com camisa de marca, com farda de trabalho, com calca rasgada, com cheiro de borracheiro que trabalhou o dia inteiro. Olhei atentamente e parei em um gordo que estava quase em frente a mim. Uns bancos a minha esquerda para ser mais preciso. Tinha uma mochila sobre as pernas e lia atentamente um livro de capa preta. A cara que fazia demonstrava quao interessante deveria ser a tal publicacao.
“E uma biblia!”, pode pensar algum desavisado. Mas nao era. Era menos que isso. Muito menos. Parei de observar a cara de abobalhado do gordo e fui desviando a atencao para o titulo da obra. Era nada mais, nada menos que “O doce veneno do escorpiao” da famosa cyber – prostituta ‘Bruna Surfistinha’.
Realmente perdemos o bom senso! Damos valor a esse tipo de gente que promove a inversao de valores. Gente que, em busca de uma pseudo-felicidade, e capaz de se vender e incitar tal pratica. Gente que nao se contenta com a promiscuidade para si so, mas que espalha tal “veneno” pelos lares, entrando nas mentes de adolescentes e de gordos abestalhados carcomidos pela curiosidade.
Dinheiro: e tudo que querem tais pessoas. Vivem em um mundo no qual quem consome mais e mais “feliz”. Primeiro vendem o corpo; depois as lembrancas da venda do corpo. Talvez um dia vendam a alma a Lucifer, como o fez Fausto. Tudo em troca de um papel ao qual atribuimos valor, as vezes mais do que realmente possui.
Costumo dizer que somos uma raca de bichos estranhos mesmo. Comemos hamburguerers que tem o valor de dois pratos de comida, compramos camisetas com o dinheiro que daria para comprar um traje inteiro, valorizamos obras literarias de “ex-prostitutas”(se e que existe essa classe de “ex’s”. Se voce se vende uma vez, se vende sempre...). Enquanto isso pessoas morrem de fome no interior do brasil e de pneumonia nos corredores de um hospital de uma metropole qualquer.
O que sera que vale mais?


Na melancolia conseguimos ser sinceros de tal forma nunca conseguida pelo homem em seu estado normal...

Davi Leal (1986 - ?)